quinta-feira, 26 de janeiro de 2023  19:07

Investimentos Alpaprev x Lojas Americanas




Prezados Participantes,

Comunicamos a todos, que dentro da carteira de investimento da Alpaprev, existem papéis das Lojas Americanas. Ao todo, estamos falando de R$ 1.8 MM em debêntures e R$ 0,2 MM em ações. Os Bancos Gestores estão tomando as providências e traçando os planos para administrar esses valores, assim que finalizados, voltaremos a informar.

A seguir, consta um material detalhado para melhor entendimento. Em caso de dúvidas, acessem os canais de atendimento da Alpaprev, divulgados no primeiro banner do portal (www.alpaprev.com.br).

Atenciosamente,

Alpaprev

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No dia 11 de janeiro a Americanas S.A. divulgou um “Fato Relevante” em que comunicava ao mercado que, em uma análise preliminar, havia encontrado em seu balanço inconsistências contábeis na ordem de grandeza de R$ 20 bilhões (com data base de 30/09/2022). Posteriormente, no dia 19/01, a empresa voltou a informar que, após análises mais profundas, o valor do passivo gerado pelos lançamentos contábeis inconsistentes havia subido parar R$ 43 bilhões e que, em função disso, estava protocolando pedido de recuperação judicial nos fóruns competentes.

Abaixo, compartilhamos algumas informações importantes sobre o caso, buscando explicar de maneira resumida quais impactos são esperados para o Plano e perfis da Alpaprev e o papel da Entidade diante do ocorrido.

O que aconteceu com os ativos emitidos pela empresa após os eventos?

Os principais ativos da Americanas S.A. em mercado em janeiro/2023 eram suas debêntures, com vencimentos entre os anos de 2023 e 2030, e suas ações. Como os eventos claramente colocaram em dúvida a capacidade da empresa honrar suas dívidas, principalmente com o processo de recuperação judicial, que por lei, tem até 60 dias para apresentar seu plano de recuperação, os ativos passaram a ser negociados com enorme desconto, que chegou nos casos das debêntures a 80% de seu valor até o dia 18/01 e no caso das ações (AMER3) em 94% até dia 20/01.


Qual será o impacto para as cotas dos Planos e dos perfis da Entidade?

Somente será possível saber o impacto das quedas dos preços dos ativos da Americanas e dos demais ativos no Plano e perfis da Entidade no fechamento de janeiro e, caso a posição nos ativos seja mantida pelo gestor, ao longo dos próximos meses (seja por novas quedas em seus preços, seja por uma eventual recuperação). Até porque, o evento também influenciou as taxas de juros pagas pelas debêntures e títulos de renda fixa de modo geral, as quais registraram altas, refletindo a avaliação do aumento de risco do segmento por parte do investidor (lembrando que, quando a taxa de um papel sobe, há um impacto negativo no preço do papel). Esse impacto também ocorreu no mercado acionário, uma vez que as ações de alguns setores, como das empresas de varejo e das empresas financeiras e Bancos, também foram abaladas e perderam valor, por um lado pelo receio que o mesmo problema pudesse existir nas outras empresas de varejo e por outro porque alguns bancos possuíam importantes linhas de crédito/empréstimo para a Americanas. Mas, considerando os níveis de exposição em debêntures e ações e seus preços negociados até o dia 20/01, é possível estimar quanto os ativos das Lojas Americanas impactaram o Plano e seus perfis (considerando os preços disponíveis no mercado até dia 20/01).

- Perfil Conservador: a exposição desse perfil no fechamento de dezembro em debêntures da Americanas era de cerca de 0,5% e considerando que o título se desvalorizou cerca de 80%, a rentabilidade do perfil pode ser impactada em torno de 0,4% (queda).

- Perfil Moderado: a exposição desse perfil no fechamento de dezembro em debêntures da Americanas era de cerca de 0,45% e considerando que o título se desvalorizou cerca de 80%, a rentabilidade do perfil seria impactada em torno de 0,36%. Adicionalmente, a posição nas ações da empresa era de cerca de 0,06% e como a mesma se desvalorizou 90%, o impacto dessa parcela no perfil giraria em torno de cerca de 0,05%.

Por que o Plano e os perfis possuíam debêntures e ações das Lojas Americanas?

Como é de conhecimento de todos, a Entidade optou há vários anos por contratar administradores especializados para fazer a gestão dos recursos de seus Planos/perfis. Todo processo de seleção e contratação segue rigorosa análise e avaliação dos possíveis prestadores do serviço de gestão, que vão desde os resultados obtidos no passado, a capacidade de geração de retornos no futuro, filosofia e processos de investimento, sustentabilidade do negócio, etc.

Dito isto, os gestores recebem todo ano a Política de Investimentos (PI) do Plano e de seus perfis com os limites de investimento para cada Segmento (Renda Fixa, Renda Variável, Estruturado, Exterior, Imobiliário e Operações com Participantes), com os limites máximos de exposição e concentração por tipo de ativo e emissor, com os objetivos de retorno e limites de risco para cada segmento e perfil como um todo, entre outras diretrizes (esse documento está disponível para todos participantes no portal da Entidade). Ou seja, há uma clara definição do que a Entidade espera dos gestores e das regras que devem ser seguidas por eles.

Desse modo, os gestores escolhem os ativos que integrarão a carteira dos fundos investidos pela Entidade de forma a alcançar os objetivos de retorno determinados, sempre respeitando os limites impostos na Política de Investimentos. No caso dos ativos de renda fixa que podem integrar a carteira do fundo investido, além dos limites de concentração por emissor, o gestor somente pode adquirir papéis que estejam classificados como baixo risco de crédito, por ele e por agência de classificação de rating (risco de crédito) reconhecida pelo mercado. Assim, no caso das debêntures da Americanas, é importante mencionar que nos vários momentos em que os títulos foram adquiridos ao longo do tempo, os mesmos eram classificados como baixo risco de crédito e seguiam à risca as diretrizes impostas pela Entidade e pela legislação pertinente. Abaixo segue um histórico dos últimos 7 anos das classificações das debêntures pela empresa Fitch Ratings e, ao lado, um quadro indicando qual era o limite mínimo de rating exigido pela Entidade. É possível perceber que ao longo dos últimos anos as debêntures da Americanas eram classificadas com baixo risco de crédito, inclusive com melhor avaliação do que o menor nível exigido pela Entidade para integrar a carteira (BBB-).

No caso das ações da empresa Americanas, há alguns limites impostos pela legislação e pela Entidade que vão desde o limite de concentração até os limites de risco de mercado para o portfólio, que inviabilizam ao gestor a geração de posições muito concentradas em qualquer papel. Além disso, como a Entidade indica para o gestor que deseja que o seu portfólio de ações renda um percentual acima do Ibovespa, sem, no entanto, descolar muito do referido índice (por meio de uma métrica de risco), os gestores tendem a ficar com exposições nos papéis próximas aos níveis de participação daquele papel no índice, porém, alocando mais nos papéis e setores que avaliam melhor e menos naqueles que avaliam possuir menores ganhos potenciais.

Desse modo, como as ações da Americanas (AME3) correspondiam no Ibovespa a aproximadamente 0,4% da carteira total (antes de ser retirada do Índice), os gestores tinham uma posição próxima ou abaixo desse nível.

Quais os procedimentos tomados pela Entidade em relação aos ativos das Americanas investidos pelos gestores e o que deve ser feito em termos legais a partir de agora?

Como comentado, todos os ativos da Americanas que faziam parte das carteiras até a divulgação do Fato Relevante estavam adequados às regras impostas pela Política de Investimento e pela legislação em vigor. Além disso, conforme demonstrado no item anterior, as debêntures eram classificadas pelas agências de rating como um ativo de baixo risco de crédito.

Como os ativos estão em veículos que possuem gestão totalmente discricionária, ou seja, o gestor é o responsável por avaliar e adquirir os ativos que julgar mais adequado para o portfólio (seguindo as regras impostas pela  Política de Investimentos e pela legislação) sem nenhuma interferência da Entidade, é de responsabilidade do mesmo apresentar para a Entidade qual é o seu plano de ação em relação aos ativos e qual é o prazo de execução de tal plano, sem, no entanto, ter a obrigatoriedade de se desfazer da posição (apenas se julgar ser o melhor para os cotistas dos fundos).

Do lado das debêntures, como os papéis foram rebaixados para uma nota menor do que o limite mínimo permitido na Política de Investimentos, eles geraram o que é conhecido como desenquadramento passivo para o Plano, que significa que por um motivo alheio à Entidade e ao gestor, o ativo que fora adquirido respeitando os limites e regras da Política de Investimentos agora está fora dos referidos limites. Porém, como comentado acima, por fazerem parte do portfólio de um fundo ou carteira administrada com gestão discricionária e por haver um prazo legal (Previc) dilatado para o enquadramento, a Entidade solicitou aos gestores que optaram por manter as debêntures em carteira seu plano de ação para recuperação do ativo e enquadramento do portfólio e seguirá acompanhando a execução do referido plano, seu prazo de execução, assim como seguirá monitorando continuamente os desdobramentos do caso.

Por fim, a Entidade Alpaprev assegura aos participantes que como responsável pela gestão dos recursos dos Planos e Perfis, mesmo que, tenha contratado empresas de gestão extremamente qualificadas para esse fim, tomou e continuará tomando todas as ações necessárias para proteger o patrimônio dos participantes e para determinar diretrizes e objetivos adequados ao perfil de risco de cada um e que gerem no longo prazo o nível de benefício esperado.

São Paulo, 26 de janeiro de 2023.

Alpaprev

Autor: Aline Gomes

Fonte: Alpaprev