quarta-feira, 7 de junho de 2023  11:52

Investimentos AlpaPrev - Posições em Ativos da Light S.A




Prezados Participantes,

Com o objetivo de trazer um melhor entendimento sobre os eventos relacionados a ativos de crédito emitidos pela Light S.A. e seus respectivos impactos na carteira de investimentos dos planos ALPAPREV, abaixo apresentamos um histórico dos eventos que influenciaram negativamente os preços desses ativos, seus desdobramentos e perspectivas, trazidos através do contínuo processo de monitoramento exercido pela ALPAPREV.

Breve histórico

Em 31 de janeiro a Light S.A. noticiou que contratou a consultoria que trabalhou na reestruturação da dívida da Oi, a Laplace, para conduzir uma reestruturação financeira. Em decorrência dessa notícia, a agência de rating Fitch rebaixou a nota da empresa em 02/02/2023 de BB- para CCC+, tendo como reflexo imediato no preço de uma de suas debêntures o desconto de 83% (LIGHB4). Em 16/02/2023 a S&P Global Ratings também comunicou rebaixamento do rating da Light S.A. para brBB-.

Em 10 de abril, a Light S.A. e suas controladas Light Sesa e Light Energia protocolaram um pedido de Tutela Cautelar Antecedente na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, de modo a prevenir possíveis prejuízos advindos do vencimento antecipado de sua dívida. A empresa não especificou a ação principal que sustentava seu pedido de Tutela, nem mencionou a Lei 12.767, art. 18, que veda os regimes de Recuperação Judicial e extrajudicial em distribuidoras de energia.

No dia seguinte, 11 de abril, diversos agentes fiduciários que possuíam emissões da empresa declararam o vencimento antecipado das dívidas.

No dia 12 de maio a Light S.A. divulgou “Fato Relevante” em que comunicava ao mercado seu pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, em caráter de urgência, citando dívidas de cerca de R$ 11 bilhões.

Abaixo dividimos com vocês algumas informações importantes sobre o caso, buscando explicar de maneira rápida e resumida quais impactos são esperados para a ALPAPREV e o papel da Entidade diante do ocorrido.

O que aconteceu com os ativos emitidos pela empresa após os eventos?

Os principais ativos da Light S.A. em mercado em janeiro eram suas debêntures, com vencimentos entre os anos de 2023 e 2031, e suas ações. Como os eventos claramente colocaram em dúvida a capacidade de a empresa honrar suas dívidas, principalmente com o processo de recuperação judicial que por lei dá para ela até 60 dias para apresentar seu plano de recuperação, os ativos passaram a ser negociados com enorme desconto. Considerando o período de 31/01 até 31/05, data de fechamento do mês anterior, essas debêntures apresentaram desvalorização média de 58% de seu valor.

Após essa expressiva queda e devido a uma aguardada apresentação do plano de recuperação por parte da Light S.A., a ser apresentada nos próximos meses, os gestores consideram que os ativos tendem a apresentar reação importante, ainda que não recuperem a totalidade das perdas, com maior potencial de alta do que de baixa em relação aos preços atuais.

Qual será o impacto para as cotas dos Planos ALPAPREV?

Observando que a exposição do Perfil Conservador no fechamento de janeiro em debêntures da Light era de cerca de 0,14% do seu patrimônio, e, que os títulos se desvalorizaram cerca de 58% no período de 31/01 até 31/05, a estimativa é de que rentabilidade do Plano seria impactada em torno de - 0,08% nesse mesmo período.

Observando que a exposição do Perfil Moderado no fechamento de janeiro em debêntures da Light também era de cerca de 0,13% do seu patrimônio, e, que os títulos se desvalorizaram cerca de 58% no período de 31/01 até 31/05, a estimativa é de que rentabilidade do Plano seria impactada em torno de - 0,08% nesse mesmo período.

Por que o Plano possuía debêntures e ações da Light S.A.?

Como é de conhecimento de todos, a Entidade optou há vários anos por contratar administradores especializados para fazer a gestão dos recursos de seu Plano. Todo processo de seleção e contratação segue rigorosa análise e avaliação dos possíveis prestadores do serviço de gestão, que vão desde os resultados obtidos no passado, a capacidade de geração de retornos no futuro, filosofia e processos de investimento, sustentabilidade do negócio, etc.

Isto esclarecido, os gestores recebem todo ano a Política de Investimentos (PI) do Plano com os limites de investimento para cada Segmento (Renda Fixa, Renda Variável, Estruturado, Exterior, Imobiliário e Operações com Participantes), com os limites máximos de exposição e concentração por tipo de ativo e emissor, com os objetivos de retorno e limites de risco para cada segmento e perfil como um todo, entre outras diretrizes (esse documento está disponível para todos participantes no portal da Entidade). Ou seja, há uma clara definição do que a Entidade espera dos gestores e das regras que devem ser seguidas por eles.

Desse modo, os gestores escolhem os ativos que integrarão a carteira dos fundos investidos pela Entidade de forma a alcançar os objetivos de retorno determinados, sempre respeitando os limites impostos na Política de Investimentos e na Legislação vigente. No caso dos ativos de renda fixa que podem integrar a carteira do fundo investido, além dos limites de concentração por emissor, o gestor somente pode adquirir papéis que estejam classificados como baixo risco de crédito, por ele e por agência de classificação de rating (risco de crédito) reconhecida pelo mercado. Assim, no caso das debêntures da Light S.A., é importante deixar claro que nos vários momentos em que os títulos foram adquiridos ao longo do tempo, eles eram classificados como baixo risco de crédito e seguiam à risca as diretrizes impostas pela Entidade e pela legislação pertinente. Abaixo segue um quadro com as classificações das debêntures pela empresa Fitch Ratings. É possível perceber que ao longo dos últimos anos as debêntures da Light S.A. eram classificadas com baixo risco de crédito, inclusive com melhor avaliação do que o menor nível exigido pela Entidade para integrar a carteira (BBB-).

Quais os procedimentos tomados pela Entidade em relação aos ativos das Light S.A. investidos pelos gestores e o que deve ser feito em termos legais a partir de agora?

Como comentado, todos os ativos da Light S.A. que faziam parte das carteiras até o rebaixamento de rating estavam adequados às regras impostas pela Política de Investimento e pela legislação em vigor. Além disso, conforme demonstrado no item anterior, as debêntures eram classificadas pelas agências de rating como um ativo de baixo risco de crédito.

Como os ativos estão em veículos que possuem gestão totalmente discricionária, ou seja, o gestor é o responsável por avaliar e adquirir os ativos que julgar mais adequado para o portfólio (seguindo as regras impostas pela  Política de Investimentos e pela legislação) sem nenhuma interferência da Entidade, é de responsabilidade do mesmo apresentar para a Entidade qual é o seu plano de ação em relação aos ativos e qual é o prazo de execução de tal plano, sem, no entanto, ter a obrigatoriedade de se desfazer da posição (apenas se julgar ser o melhor para os cotistas dos fundos).

Do lado das debêntures, como os papéis foram rebaixados para uma nota menor do que o limite mínimo permitido na Política de Investimentos, eles geraram o que é conhecido como desenquadramento passivo para o Plano, que significa que por um motivo alheio à Entidade e ao gestor, o ativo que fora adquirido respeitando os limites e regras da Política de Investimentos agora está fora dos referidos limites. Porém, como comentado acima, por fazerem parte do portfólio de um fundo ou carteira administrada com gestão discricionária e por haver um prazo legal (Previc) dilatado para o enquadramento, a Entidade solicitou aos gestores que optaram por manter as debêntures em carteira seu plano de ação para recuperação do ativo e enquadramento do portfólio e seguirá acompanhando a execução do referido plano, seu prazo de execução, assim como seguirá monitorando continuamente os desdobramentos do caso.

Por fim, a ALPAPREV assegura aos participantes que como responsável pela gestão dos recursos de seus Planos, em que pese ter contratado empresas de gestão extremamente qualificadas para esse fim, que tomou e continuará tomando todas as ações necessárias para proteger o patrimônio dos participantes e para determinar diretrizes e objetivos adequados ao perfil de risco de cada um e que gerem no longo prazo o nível de benefício esperado.


São Paulo, 07 de junho de 2023.

Alpaprev

Autor: Aline Gomes

Fonte: Alpaprev