segunda-feira, 11 de dezembro de 2017  08:53

As dicas para prevenir 6 golpes que tiram dinheiro de idosos


As dicas para prevenir 6 golpes que tiram dinheiro de idosos

Desde 2015, está em vigor a lei que dobra punição para casos de estelionato contra idosos. Recusar ajuda de estranhos e não compartilhar dados pessoais é fundamental para evitar ser vítima de fraudes.

 

A enfermeira aposentada Maria Aparecida Cota, de 72 anos, coleciona estratégias para não cair em golpes. Não saca dinheiro em caixa eletrônico nos fins de semana, nunca passa dados pessoais por telefone e sempre rasga cartas de supostos escritórios de advocacia, dizendo que, graças a uma nova lei, aposentados têm direito a um dinheiro extra. Vez ou outra, ela muda o sotaque e finge ser outra pessoa no telefone, na tentativa de afastar vendedores e golpistas.

"A pessoa mais velha não fica mais esperta não, a gente tende a precisar mais das pessoas e acaba confiando em quem é gentil. Os golpistas são bons de papo, costumam ser bem convincentes", diz Maria Aparecida, que se orgulha de não ter caído em nenhum golpe até hoje.

Maria Aparecida tem razão em se precaver, tendo em vista que os mais velhos são mais vulneráveis às artimanhas de criminosos, em especial, os especializados em aplicar fraudes.

"Entre os crimes cometidos contra idosos, estelionato é o mais comum. Depois vêm roubo e desaparecimento", diz o delegado Rafael Souza Horácio, chefe do 1º Departamento da Polícia Civil de Minas Gerais. Em Minas, por exemplo, foram mais de 6,8 mil golpes contra idosos em 2016, e apesar de o número representar apenas 22% do total de estelionatos aplicados no Estado, é o crime que mais se comete contra pessoas acima de 60 anos.

O mesmo acontece em diferentes Estados do Brasil. No Rio, dados de 2012 indicaram uma média de 22 vítimas idosas de estelionato por dia. Naquele ano, foram registrados 8,1 mil casos do crime, número considerado elevado, dado o total de idoso no estado.

Em São Paulo, o disque 100 - Serviço do Ministério dos Direitos Humanos - contabilizou 7.550 denúncias no Estado em 2016. Casos de negligência contra idosos e de violência psicológica lideram as denúncias, seguidos por abuso financeiro e econômico.

Desde janeiro, está em vigor uma lei que prevê punição maior para quem aplica golpe em pessoas com mais de 60 anos. Estelionato é o crime de "obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento". Pelo Código Penal, a pena de reclusão varia de um a cinco anos, prazo que agora pode ser duplicado caso o estelionato seja cometido contra um idoso.

Dicas e golpes

 

Horácio diz que estelionatários sempre estão fingindo querer ajudar. Faz parte da estratégia exagerar na simpatia ou na simplicidade, simulando um pedido ou oferecimento de ajuda, a depender da situação.

Nem sempre os golpes são reportados à polícia. O delegado Rafael listou algumas das fraudes mais comuns aplicadas por estelionatários, em especial contra idosos, e deu dicas de como evitar ser enganado.

 

 

 

 

1.     Compra equivocada

 

Por telefone, uma pessoa comunica que uma compra de valor elevado foi feita com o cartão do cliente. Na tentativa de confirmar informações como nome, endereço, número de conta do cartão, coleta as informações pessoais. A recomendação do delegado é para jamais confirmar ou dar algum dado por telefone e preferir tratar de qualquer assunto na própria agência, de preferência com o gerente.

 

2.     Processo judicial

 

Uma carta ou um telefonema avisa que o aposentado tem uma causa ganha na Justiça, mas que precisa pagar os honorários de um advogado ou custas processuais para receber a indenização. O depósito é feito normalmente em contas de laranjas e a pessoa nunca recebe nenhum valor. A polícia sugere que, antes de fazer qualquer pagamento, a vítima procure informações sobre o processo com associações de classe ou advogados conhecidos.

 

3.     Troca de cartão

 

Golpistas costumam instalar uma máquina para reter cartões no caixa eletrônico, normalmente em horários fora do expediente bancário e nos fins de semana. Se o seu cartão ficar retido, procure um funcionário credenciado dentro da agência ou deixe o cartão na máquina e, posteriormente, peça você mesmo para que seja cancelado. "Sem a senha, não é possível fazer nada com o cartão. Às vezes é melhor deixar lá do que aceitar a ajuda de um estranho", diz o delegado.

 

4.     Saidinha de banco

 

Idosos nem sempre dominam tecnologia e às vezes têm dificuldade em fazer operações nos caixas eletrônicos. Golpistas se aproximam das vítimas identificando-se como funcionários do banco, dispostos a oferecer ajuda. Dessa forma, acabam coletando dados pessoais como senha e código de segurança do cartão. A orientação é recusar a ajuda de estranhos e procurar resolver pendências dentro da própria agência, com funcionários credenciados.

 

5.     Bilhete premiado

 

Velho golpe no qual uma pessoa, normalmente aparentando origem humilde, diz ter ganho na loteria ou ter uma indenização a receber no banco, entretanto, sempre há um impedimento para receber o dinheiro por diversas razões: ou está sem o documento, ou tem uma dívida no banco, ou a agência já está fechada e a pessoa precisa viajar para outra cidade. O golpista repassa à vítima os direitos do "prêmio", em troca de um valor mais baixo que deveria receber e desaparece. "Não existe dinheiro fácil. Não tem como levar vantagem econômica de forma rápida. O problema é que muitos querem mesmo é ajudar e acabam sendo vítimas", afirma o delegado Rafael Horácio.

 

6.     Carro do sobrinho

 

Por telefone, uma pessoa pergunta a quem atende a chamada, se ela sabe quem está falando. Chama-a de "tio" ou "tia" na tentativa de gerar constrangimento, uma vez que a pessoa do outro lado da linha se esqueceu do sobrinho (ou sobrinha) querido. Na conversa, o golpista tenta fazer com que a pessoa diga um nome de um parente para, em seguida, dizer que é essa pessoa, contar que o carro quebrou no meio da estrada e pedir dinheiro para o conserto.

Se a pessoa cai na narrativa, o golpista passa dados bancários na tentativa de conseguir dinheiro por meio de uma transferência ou depósito. A dica para não cair nesse golpe é tentar inverter a lógica e extrair da pessoa que ligou o maior número possível de informações, em vez de cedê-las. Tente conseguir o nome de quem te ligou, onde está e qualquer outro detalhe capaz de ajudar na identificação da pessoa. Na dúvida, desligue o telefone e ligue você para o sobrinho ou sobrinha que poderia ter ligado pedindo ajuda.

 

 

Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/as-dicas-para-prevenir-6-golpes-que-tiram-dinheiro-de-idosos.ghtml

Autor: Futura

Fonte: Futura