segunda-feira, 11 de dezembro de 2017  08:58

Apenas 4% dos brasileiros guardam dinheiro para a aposentadoria


Apenas 4% dos brasileiros guardam dinheiro para a aposentadoria

A CVM – Comissão de Valores Monetários –  apresentou o estudo ‘Educação financeira para além do conhecimento: estratégias de intervenção no comportamento de poupança’, que mostra que o brasileiro poupa significativamente menos que a média mundial.

Apenas 4% dos brasileiros guardaram recursos para a aposentadoria em doze meses, enquanto 24% fizeram isso na média mundial.

Somente 36% dos brasileiros conseguiriam ter o equivalente a 1/20 do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, indicador da renda por pessoa, para enfrentar uma emergência, contra 61% da amostra mundial.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, nos últimos anos, o brasileiro tem poupado menos do que na década de 70.

Uma pesquisa preliminar da CVM gerou um relatório com teorias da psicologia formuladas para compreender os mecanismos envolvidos na mudança de comportamento, bem como barreiras e vieses que impedem a adoção de comportamentos financeiros desejáveis.

A ideia é compreender não apenas o comportamento dos brasileiros na hora de poupar, mas também utilizar métricas de avaliação psicológica para estudar esse tipo de iniciativa e avaliar o impacto dos produtos educacionais.

As principais barreiras psicológicas apontadas pelo estudo como fatores que desfavorecem a formação de reservas financeiras são: falta de autocontrole, contabilidade mental, influências sociais e excesso de confiança.

Já entre os programas de educação financeira que trabalharam os vieses na tomada de decisão de poupança, destacam-se os produtos com comprometimento “rígido” e “leve”, testados nas Filipinas, EUA, Chile e outros países.

Um exemplo de compromisso rígido seria uma poupança cuja possibilidade de saque esteja atrelada ao acúmulo de valor previamente estabelecido ou a uma data futura, como um plano de previdência ou um título de capitalização.

Já um compromisso leve poderia ser, talvez, oferecer um cofre para poupança com o nome do objetivo escrito nele (exemplo: reserva para despesas de saúde).

O intuito, nesse último caso, é lembrar a pessoa da destinação do dinheiro quando ela pretender sacá-lo para outros propósitos.

Ainda de acordo com a pesquisa, mecanismos de inscrição automática, sobretudo em planos de aposentadoria complementar, foram aparentemente bem-sucedidos em incentivar formação de reservas de longo prazo. Ou seja, em vez de pedir para o interessado se inscrever no plano de previdência, ele já é automaticamente inscrito e tem a opção de sair se não quiser, o que vence a falta de iniciativa e insegurança de muitos poupadores.

Intervenções educativas oferecidas nos momentos importantes da vida financeira do indivíduo, como o recebimento do primeiro salário ou o lançamento de um novo sistema de previdência, também costumam ter maior eficácia.

Segundo compilação realizada pelo estudo, entre as conclusões dos pesquisadores está a de que um dos instrumentos mais utilizados para a formação de poupança é o dispositivo de compromisso, seja ele rígido ou leve.

Entretanto, nota-se que o comprometimento rígido, apesar de suas vantagens, pode não ser produtivo, dependendo da necessidade de liquidez de cada pessoa.

Nesse sentido, a conclusão é que, para escolher um produto de poupança vinculado à educação financeira, é preciso levar em consideração o motivo da poupança: aposentadoria, proteção frente a choques financeiros (compromissos leves, como lembretes, são ferramentas promissoras), dentre outros.

Tomando como referência as teorias comportamentais, o estudo afirma que é preciso considerar os hábitos e crenças da população brasileira que impedem a formação da poupança.

O projeto prosseguirá, segundo os pesquisadores, com a concepção e elaboração de produtos educacionais para o público-alvo selecionado ‒ indivíduos de renda intermediária com potencial de formação de reservas financeiras ‒ além da validação dos instrumentos de avaliação de impacto e a busca de parceiros para a execução de um teste-piloto do protótipo a ser construído.

Também foi lançado no evento o novo folheto da CVM “Regras de ouro do bom investidor”, elaborado em conjunto com o Serviço de Proteção ao Crédito – SPC Brasil. Nele, são destacadas atividades primordiais no momento de investir:

1. Reorganize seu orçamento: saiba quanto pode guardar todo mês, programando a retirada automática dos recursos de sua conta se possível.

2. Entenda seu objetivo: os investimentos devem ter três objetivos claros: imprevistos, sonhos e aposentadoria.

3. Nivele sua disposição ao risco: o poupador deve entender se o risco da aplicação é adequado à sua situação financeira, à finalidade da reserva e à sua personalidade, seja ela arrojada ou conservadora.

4. Diversifique e acompanhe sua carteira: repare se seus investimentos estão convergindo para as suas expectativas e faça ajustes se necessário.

5. Esteja atento: busque informações e novidades em relação aos investimentos disponíveis.

6. Respeite o tempo: tenha determinação, paciência e disciplina. São os depósitos regulares e o efeito dos juros no tempo que farão sua reserva financeira crescer.

Autor: Futura

Fonte: Futura