terça-feira, 17 de abril de 2018 08:43
Multimercados e renda variável tendem a crescer nas carteiras das entidades
Após
comemorar os bons resultados obtidos em 2017, quando a grande maioria dos
planos superou as metas atuariais, as equipes de investimentos das entidades
fechadas agora estão se esforçando para enfrentar um cenário muito mais
desafiador em 2018. Diferente do ano passado, quando renda fixa e, sobretudo,
as NTN-Bs deram retornos acima das metas atuariais, neste ano as perspectivas
são bem distintas. “Estamos saindo da zona de conforto das NTN-Bs, que não
serão capazes de superar a meta atuarial dos planos”, diz Guilherme Leão,
Diretor Executivo da Abrapp.
O dirigente explica que os prêmios das NTN-Bs, que alcançam atualmente no
máximo 5%, não conseguirão por si só, ultrapassar as taxas atuariais, que devem
ficar acima desse patamar. “Os ganhos das NTN-Bs alcançam, na melhor das
hipóteses, um empate em zero a zero com as metas. Se houver alguma perda na
renda variável ou em outras classes, será o suficiente para não alcançar a meta
em 2018”, comenta o Diretor da Abrapp.
Maior diversificação - Neste sentido, a palavra-chave para as políticas
de investimentos de 2018 tem sido “diversificação”. “É um ano muito mais
complexo para a gestão de recursos. A maioria das entidades deve estar alinhada
com a maior diversificação nas carteiras”, diz Leão. Ele defende que uma das
opções para buscar maiores ganhos são os fundos multimercados. “Uma das opções
é aumentar a alocação em fundos e gestores multimercados que estejam em
sintonia com as políticas de investimentos de cada entidade”, comenta o Diretor
da Abrapp.
Outras opções possíveis para a maior diversificação são os investimentos no
exterior e o crédito privado indexado à inflação. Devido às incertezas do
mercado, geradas pelo cenário eleitoral, Guilherme Leão lembra que é necessário
manter a atenção sobre uma possível abertura das taxas de juros ao longo do
ano.
Multimercados e Bolsa - Arthur Lencastre, Consultor de Investimentos da
Willis Towers Watson, reforça a ideia que os ganhos da renda fixa serão menores
em 2018 se comparados ao ano anterior. Um dos desafios é prever quanto tempo os
juros ficarão em patamares tão baixos quanto agora. Em caso de retomada do
ciclo de alta dos juros, outro desafio será prever qual o ritmo de abertura. Diante
das incertezas, uma recomendação é buscar uma gestão mais ativa dos recursos
através da maior alocação em fundos multimercados.
“Uma opção é a contratação de bons gestores de multimercados, que tenham
capacidade de realizar uma gestão mais ágil para obter ganhos com as variações
das curvas de juros”, diz Lencastre. O consultor recomenda ainda o aumento
gradual da carteira de renda variável ao longo do ano. “Com as melhores
perspectivas para o crescimento da economia, a renda variável pode valer muito
mais do que vale hoje. Mas claro que isso vai depender também do cenário
eleitoral”, explica o Consultor da Willis Towers Watson.
Exterior - Raphael Santoro, Consultor de Investimentos da Mercer, também
ressalta a necessidade de maior diversificação em função da queda dos ganhos na
renda fixa. Ele recomenda um aumento gradual da alocação em renda variável
tanto no mercado doméstico quanto no exterior. “A primeira opção para a
diversificação é a renda variável doméstica. Em seguida, os investimentos no exterior,
também em renda variável, aparecem com boas perspectivas para diluir os riscos
do mercado doméstico”, recomenda Santoro.
Guilherme Benites, Sócio-Diretor da Aditus, também recomenda maior
diversificação. Com uma carteira de cerca de 230 planos que somam mais de R$
200 bilhões em recursos, o Consultor prevê uma migração de R$ 10 bilhões que
estão na renda fixa para outras classes de ativos. Desse montante, R$ 5 bilhões
devem ir para a renda variável, R$ 4 bilhões para multimercados estruturados e R$
1 bilhão para investimentos no exterior.
Autor: Futura
Fonte: Futura