segunda-feira, 15 de outubro de 2018  15:15

Nossos Participantes atenderam ao convite da Bungeprev e enviaram matérias para publicação!




Atendendo a um convite que fizemos aos nossos Participantes no mês anterior, para que enviassem matérias que achassem interessante - sobre educação financeira e ou previdenciária -  nosso colega Ícaro Matos Coimbra (Área de Tax – Bunge-Sede São Paulo) gentilmente nos remeteu o texto abaixo, escrito pelo próprio. Boa leitura:

Quando falamos de Planejamento Financeiro Pessoal, uma das etapas é o Planejamento de Aposentadoria. Todos sabem que estamos em época de eleições presidenciais e com bastante frequência ouvimos candidatos mencionando a tal Reforma Previdenciária. Alguns defendem mudanças, outros são contra e independente da linha de pensamento, eu quero mostrar para vocês a real situação da nossa Previdência, porque a reforma está em pauta e a melhor parte, mostrar que nenhum de nós precisamos entrar nessa discussão.

Comece a pensar hoje na sua aposentadoria. Acredite, não será cedo demais.

O contexto brasileiro e o motivo da Reforma Previdenciária

A Previdência Social brasileira é administrada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS, órgão vinculado ao Governo Federal responsável por arrecadar e pagar a aposentadoria e demais benefícios (salário-maternidade, auxílio-doença, etc.) dos trabalhadores brasileiros, exceto servidores públicos que têm um regime diferenciado.

Todo trabalhador remunerado (empregado, empregado doméstico e autônomo) deve contribuir para o INSS em valores que variam entre 8% do piso (R$ 1.693,72 para 2018) e 11% do teto (R$ 5.645,80 para 2018) da aposentadoria. Ou seja, nenhum aposentado pelo regime do INSS poderá receber mais de R$ 5.645,80.

Existem diversas variáreis, mas via de regra são duas formas de se aposentar: por idade (65 anos para homens e 60 para mulheres) para os trabalhadores que comprovar pelo menos 180 meses de trabalho ou por tempo de contribuição (35 anos para homens e 30 para mulheres).

De uma maneira bem prática, na dinâmica do INSS, os trabalhadores economicamente ativos (a partir dos 15 anos) contribuem para financiar os trabalhadores já aposentados. Tecnicamente, essa relação chama-se razão de dependência. Pelos números do IBGE, a razão de dependência total do Brasil é de aproximadamente 55%, ou seja, 45% da população contribui ao INSS para financiar a aposentadoria dos já aposentados.

Quando esse modelo foi implementado no Brasil a expectativa de vida do brasileiro era muito inferior aos atuais 76 anos. Para se ter uma ideia, em 1940 a expectativa de vida era de 46 anos. Esses números tem relação direta com a razão de dependência da Previdência Social brasileira, afinal, maior será a população já aposentada dependendo da população economicamente ativa. As projeções do IBGE apontam que em 2060 essa razão de dependência total do Brasil será de 87%.

Analisando esses números, fica muito claro que no futuro faltará dinheiro no INSS para o pagamento das aposentadorias. E qual é a alternativa que o Governo tem para contornar esse cenário? Reforma Previdenciária!

Já aconteceu quando o Fator Previdenciário foi implementado, está prestes a acontecer uma nova reforma e tudo indica que no futuro acontecerão outras. Ou seja, os brasileiros vivem uma realidade de completa incerteza quando o assunto é a aposentadoria e nada garante que você manterá as condições atuais, caso entenda que elas atenderão suas necessidades no futuro, quando for a sua vez de se aposentar. Além disso, o Governo garante apenas um salário mínimo para cada aposentado, portanto o teto de hoje (R$ 5.645,80) pode a qualquer momento ser reduzido a um salário mínimo (R$ 954).

Deixo a você uma reflexão: imagina você contribuir durante 35 anos com a esperança de garantir uma determinada renda na velhice e quando chegar a sua vez de se aposentar, receber uma quantia insuficiente para viver em condições mínimas de conforto? Inclua o fato de você estar com 65 anos de idade, provavelmente sem as mesmas condições de saúde de outrora e precisar encontrar formas de ampliar a sua renda? E passar a depender dos seus filhos? Assustador, não?!

Como se blindar das incertezas que cercam a Previdência Social

Provavelmente você esteja assustado com o cenário pouco inspirador que acabei de te apresentar e certamente já concluiu que a aposentadoria pelo INSS como única fonte de renda para a velhice está fora de cogitação. Mas não precisa se desesperar! É completamente viável, traçar uma estratégia que te garantirá conforto e liberdade financeira no momento que você deixar de trabalhar.

A primeira coisa que você precisa ter em mente é que a velhice é o período da nossa vida em que naturalmente nosso custo de vida aumenta e as nossas fontes de renda tendem a diminuir. Dessa forma, sem um plano implementado durante a vida, é muito difícil manter o padrão de consumo adquirido durante o período economicamente ativo. Lembrando que esse estilo de vida deve ser perpetuado, ou seja, perdurar durante o restante da vida, que tende a ser maior, conforme a expectativa de vida traçada pelo IBGE.

É muito comum os casos de aposentados que não conseguem manter uma renda capaz de custear o padrão de consumo do período economicamente ativo e resultam em uma velhice repleta de privações. Certamente a consequência será uma profunda frustração e em alguns casos até depressão. Já imaginou trabalhar toda a vida com a esperança de poder desfrutar a tranquilidade da aposentadoria e isso jamais acontecer? E ter que continuar anos e anos além do planejado naquele trabalho pouco gratificante?

Portanto, a palavra é planejamento!!!

O brasileiro, por natureza, tende a priorizar o presente, muitas vezes influenciado pela necessidade de manter aparências para a sociedade. A consequência disso é que adiam planos de longo prazo ou quando começam, abandonam muito rapidamente assim que aparece uma oportunidade de desviar o foco. Uma pesquisa do Banco Mundial aponta que apenas 4% dos brasileiros poupam pensando na aposentadoria.

Não existe segredo e seguindo um planejamento de poupança pensando na aposentadoria, aliado a uma estratégia eficiente de investimentos e disciplina, você conseguirá manter uma vida equilibrada, repleta de experiências, com realização de sonhos, saudável e sustentável. Tudo isso sem precisar ser um poupador compulsivo.

Além disso, eu gostaria que você se desapegasse daquele velho conceito de aposentadoria, que resulta no abandono total de qualquer atividade e fonte de renda. Minha proposta é que você encare a aposentadoria como aquele período em que você não dependa mais do seu trabalho para financiar o seu estilo de vida e tenha tempo para realizar atividades prazerosas, que te trarão felicidade e que podem até ser remuneradas. Isso pode acontecer perfeitamente aos 40, 45, 50 anos de idade.  Você não precisa esperar chegar ao final da vida para pensar em aposentadoria. A aposentadoria existe para ser desfrutada!

Ícaro Coimbra – Planejador Financeiro Pessoal e Especialista em Imposto de Renda

Autor: Bungeprev

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