terça-feira, 11 de julho de 2023 16:11
A cada 21 segundos um brasileiro comemora 50 anos de idade. Essa
massa cresce cada vez mais e já atinge a marca de 55 milhões de pessoas. Entre
os que têm mais de 60 anos, o total é de 35 milhões. Apenas para fins de
comparação: o Brasil tem hoje mais pessoas acima dos 50 anos que adolescentes
com 17 anos.
Esse cenário se refere à geração que nasceu logo após a Segunda
Guerra Mundial, entre 1946 e 1964, conhecida como baby boomers, que já foi
considerado o grupo populacional mais importante do país. Essa geração cresceu,
superou as adversidades do tempo, investiu no conhecimento, criou uma nova
cadeia de consumo e está mudando o mercado completamente. Assim os boomers chegam à
terceira idade criando esse movimento conhecido como Economia Prateada (em
referência aos cabelos grisalhos).
A geração prateada movimenta cerca de R$ 2 trilhões por ano no
Brasil. No mundo, esse contingente é responsável por movimentar mais de US$ 15
trilhões, valor muito próximo ao PIB da China. O levantamento é parte do
“Tsunami Latam – a região que mais envelhece no mundo”, da consultoria Data8.
O estudo aponta que essa geração na América Latina (AL) tem como
principais características de comportamento a tradição dos seus valores e
estruturas e são os pilares financeiros e emocionais de suas famílias. Certamente
é um reflexo da cultura dos boomers,
que sempre colocaram o vínculo empregatício com as empresas em um patamar de
extrema importância na vida, tinham como meta a estabilidade profissional, o
que lhes custava a construção de laços afetivos familiares de qualidade.
Outro aspecto interessante, é sobre a expectativa de vida dessa
geração, inicialmente estimavam 50 anos. Mas o que o tempo nos mostra é que
eles chegaram com facilidade aos 50 anos, cheios de saúde, disposição e ativos
no mercado de trabalho. Curiosamente, 7 de cada 10 entrevistados se
identificaram com a frase “Nunca pensei que chegaria tão bem na minha idade”. A
cada 10 respondentes, 8 se sentem representados nesta afirmação: “Sempre fui
financeiramente independente e agora não é diferente, eu administro minhas
receitas e minhas despesas”.
Inevitavelmente, essa mudança na estrutura demográfica e o aumento
da expectativa de vida foram influenciados pela tecnologia, as pesquisas e o
avanço das soluções do setor de saúde, além da qualidade de vida que é bem
diferente na atualidade.
Conforme o perfil traçado na pesquisa, dos 2504 entrevistados no
Brasil, 15% estão empregados, 36% estão aposentados, 35% trabalham de forma
autônoma, 4% estão desempregados, 9% são donas (os) de casa, 7% são
empreendedores, 4% vivem de renda de aluguel e 1% são estudantes. A maioria são
mulheres (53%) e os homens representam 47%. Desse total, a faixa etária de 50 a
54 corresponde a 30% dos entrevistados, os que tem entre 55 a 64 anos
representam 44%, já aqueles que possuem entre 65 e 74, representam 25% da
amostra. E ainda, pelo menos 6 de cada 10 brasileiros, ajudam financeiramente
os filhos e os netos.
Não podemos fechar os olhos para o lado dramático da longevidade,
que tem forte impacto nas políticas públicas pelo mundo, principalmente na
saúde e previdência. Ultrapassar a barreira dos 50+ em plena atividade,
consumindo e mantendo os compromissos financeiros em dia, é algo muito
promissor. Por outro lado, sabemos que muitos trabalham porque a família
depende da renda. É bastante comum ver os pais sustentando os filhos,
comprometendo os seus recursos.
Nesse sentido, o planejamento financeiro é muito importante. Pois
além dessa realidade econômica que é bastante presente nos lares brasileiros, a
renda da Previdência Social pode não ser suficiente para se manter, afinal os
gastos aumentam nessa fase da vida, as gerações se multiplicam, logo chegam os
netos, ou algum problema de saúde. Ainda há o risco das adversidades do
mercado, que vão desde a sazonalidade com aumento dos preços de alimentos e
serviços básicos, quanto alterações na estrutura do mercado de trabalho.
Infelizmente, no mundo do trabalho é muito comum a substituição de
profissionais utilizando o critério de renovação das gerações ou redução de
custos.
O mérito da Economia Prateada é confirmado pelos mais de R$ 2 tri
que movimentam a economia. E nos próximos anos, tudo indica que essa massa vai
dobrar de volume. É preciso que o mercado estimule o consumo consciente em
paralelo com a necessidade de formação de poupança, criando produtos
inovadores, simples e acessíveis para essa geração.
Sobre as gerações que virão, os filhos e netos dos prateados, cabe
aos pais fortalecer esse conceito de vida saudável e consumo sustentável.
Apesar de muitos já terem crescido no mundo digital, ainda vemos um
comportamento muito liberal em relação ao futuro e o acúmulo de poupança.
Vejo um potencial
significativo nessa nova geração de consumidores, mas os desafios existem.
Autor: Luis Ricardo Martins
Fonte: Instituto de Longevidade